Museums, Migration and Interculturality
Museos, diálogo
intercultural, nuevas y viejas migracione
Barcelona de 1
a 3 de outubro de 2008
O papel dos museus de
migração além da preservação do patrimônio histórico, testemunho da História
das migrações humanas
Os museus de migração pertencem à categoria dos museus de História e de
Sociedade. Trata-se de uma tentativa de reconhecimento do patrimônio da
imigração como Patrimônio Nacional.
Esses museus guardam
documentação fonte de pesquisa. Assim é o Memorial do migrante de São Paulo,
instituição única no gênero no Brasil. O prédio, o acervo documental, as
atribuições e atividades estão direta e exclusivamente direcionados ao assunto
imigração. Em outros estados do Brasil existem exemplares de casas de
imigrantes de uma determinada nacionalidade ou documentos históricos sobre
imigração inseridos em arquivos gerais públicos municipais, estadual ou
federal.
O Memorial do
Imigrante de São Paulo existe há 10 anos, como também o Museu de imigração em
Melbourne - Austrália, o Memorial em Ellis Island - New York e o Píer
21 Halifax no Canadá.
No final do ano de
2005, uma nova administração se estabelece no Memorial do Imigrante de São
Paulo. Uma nova política museológica redireciona as atividades internas e
sua atuação junto à sociedade.
– Aproximamos o Memorial do Imigrante
da área acadêmica, desenvolvendo projetos e trabalhos conjuntos,
disponibilizando nosso acervo a pesquisadores acadêmicos.
– Inserimos o Memorial do Imigrante no
cenário dos centros internacionais de estudo de migrações, estabelecendo
contatos e troca de informações com instituições museológicas em outros países.
– Ampliamos nosso objeto de estudo para
além do século XIX, época das migrações massivas, abrigando em nosso foco o
fenômeno das migrações contemporâneas.
Em sintonia com as novas tendências, tanto na área de estudos de
migrações, quanto na área de museus, em outubro de 2006 lideramos a criação da
Rede Brasileira de Centros de Estudo de Migrações. Esta rede está cadastrando
esses centros para facilitar a identificação dos acervos de imigração no país,
auxiliando no reconhecimento destas Instituições por parte de pesquisadores,
estudantes e público em geral.
Poucos dias depois participou em Roma da criação da Rede Internacional de
Museus de Migração junto a UNESCO e IOM-International Organization for
Migration - para facilitar a troca de informações e a cooperação internacional
desenvolvendo projetos e atividades comuns.
Essas novas relações provocaram a revisão da missão e da visão do museu,
impondo a reformulação de suas praticas.
Se a abordagem
acadêmica sobre imigração enfatizava à melhor compreensão das raízes do
movimento migratório de massa transoceânico, suas implicações sócio-econômicas
e as trajetórias familiares, nos últimos anos os estudiosos acadêmicos se
voltaram para as questões da construção das novas identidades e dos graus de
integração nos países receptores. Focado nesses fatores, os estudos se
desenvolviam no marco dos respectivos países. Esse isolamento foi rompido na
direção de um entendimento mais amplo sobre questões raciais, relações de
trabalho, grau de urbanização e de industrialização em cada país, permitindo as
comparações e a percepção de semelhanças e diferenças.
Com a globalização e o surgimento da Comunidade Europeia, a questão das
migrações se coloca no centro das preocupações políticas mundiais
contemporâneas.
Hoje 220 milhões de pessoas estão fora de seus territórios de origem. São 3% da
população mundial, o equivalente a população do Brasil e Argentina juntos. O
Fundo monetário Internacional aponta 815 milhões de emigrantes potenciais e 200
milhões de migrantes internos, aqueles que deixam suas cidades sem deixar o
país. A isso devem ser somados 11,5 milhões de refugiados.
Estudos do BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento, a respeito das
remessas financeiras de cidadãos residentes no exterior nos últimos anos,
indicam que em 2004, mais de US$ 45 bilhões foram enviados por emigrantes para
seus países da América Latina e Caribe. Em 2006 o Brasil recebeu US$ 3,2 bilhões em remessas. É o 15º país no
mundo com maior volume de remessas enviadas por seus emigrantes.
Dados divulgados no Seminário “Globalização Internacional e Desenvolvimento”,
realizado recentemente em Santander - Espanha aponta que, um aumento de 3% no
número de imigrantes nos países desenvolvidos geraria US$ 300 bilhões
adicionais para a economia, mais que os potenciais ganhos com a rodada Doha de
liberalização comercial. Na ponta dos países emissores de migrantes há o fato
de que 25% da economia de Honduras provêm de remessas de hondurenhos que vivem
no exterior. Na ponta dos receptores, “há 12 milhões de irregulares trabalhando
nos EUA, o que equivale a 9% da população empregada; se todos fossem expulsos,
o PIB despencaria”, calcula Guillermo de La Dehesa[1].
Historicamente a
imagem dos imigrantes é a de um cidadão de segunda classe ou um sobrevivente
para a economia dos países tanto os de origem como os de destino. Essa imagem muitas vezes estereotipada conflita
com os dados acima. Colocando de outra forma, as migrações favorecem as
economias dos países emissores e receptores, porém o imigrante individualmente
e a sociedade em geral, não tem consciência disso.
Como já salientou o
UNHCR – The UN Refugee Agency, os meios de comunicações muitas vezes são
responsáveis pela difusão de estereótipos negativos sobre migrantes e
refugiados e contribuem para a difusão de sentimentos racistas e xenófobos
junto à opinião pública [2]. Podemos incluir aqui
a literatura e o cinema de ficção que trataram o assunto equivocadamente,
desinformando a sociedade sobre o papel do migrante nos países de origem e nos de destino.
O desafio que se
coloca para os museus de migração hoje é propiciar uma compreensão abrangente
do fenômeno das migrações humanas. Como diz Gerard Noiriel, trata-se de “mudar
o olhar da sociedade e do poder público sobre os imigrantes”. [3]
Os museus devem ser
espaços de encontro e diálogo entre as organizações de imigrantes e a
sociedade. O objeto de estudo dos museus de migrações os insere no contexto
político da sociedade organizada e, como instituições culturais, focarão o
fenômeno das migrações necessariamente no âmbito da cultura. Esta
perspectiva os permite um entendimento abrangente do fenômeno, bem como uma
maior capacidade de ação junto aos segmentos organizados da sociedade.
Ainda citando Noiriel, “a cultura pode ser um meio de ação cívica”.
Aos museus de migração impõe-se uma revisão dos discursos que historicamente
representaram os imigrantes. Há que se confrontar discursos e estudos
antropológicos, demográficos, psico-sociais, econômicos e políticos aos dos
historiadores. Mais do que isso, neste museu o imigrante terá voz e se sentirá
confortável para dar seu testemunho, falar de suas dificuldades, contar suas
histórias enfim, se fará conhecer pela sociedade que, muitas vezes por
desconhecimento, o discrimina.
As migrações
contemporâneas ainda não estão contidas nos museus de migrações. A situação de
“ilegalidade” desses indivíduos e a fragmentação das atribuições e controle de
imigração em vários órgãos oficiais e não oficiais aumentam esta dificuldade.
O Memorial do Imigrante de São Paulo é uma
instituição museológica subordinada ao Governo do Estado de São Paulo.
Ocupa o prédio da antiga Hospedaria dos Imigrantes inaugurada em 1887, tombada
como Patrimônio Histórico, que recebeu aproximadamente 1.800.000 imigrantes de
70 nacionalidades e etnias (na sua maioria italiana, espanhola e portuguesa) e
1.200.000 trabalhadores nacionais provenientes de várias partes do Brasil,
principalmente do nordeste[4].
A Hospedaria,
subordinada à Secretaria de Agricultura do Governo do Estado de São Paulo,
gerou um importante acervo documental oficial, resultado da política de mão de
obra para o campo, estabelecida no final do século XIX até os anos 1950. Neste
sentido o Memorial é também um importante Arquivo Histórico. Baseado nesses
registros e na documentação oficial preservada em seus acervos, o Memorial do
Imigrante vem prestando um serviço especial de utilidade pública de expedição
de certidão de desembarque, documento que certifica a entrada do imigrante no
Brasil e necessário para a obtenção de dupla cidadania, passaportes, retificação
de nome, sucessões hereditárias, entre outros.
Ao assumir a sua
função social como espaço de construção e expressão de valores culturais, o
Memorial do Imigrante se propõe a abordar a temática da imigração a partir de
um entendimento abrangente do fenômeno das migrações em que o conhecimento do
passado alia-se ao entrelaçamento da diversidade de discursos, de identidades e
de histórias individuais.
Nos dois séculos até
1700, haviam migrado para o Brasil cerca de 100 mil portugueses. No final do
século XVII, o total de africanos que chegaram ao Brasil, desde o século XVI,
era de 610 mil. Somente no século XVIII migraram cerca de 400 mil portugueses,
de uma população metropolitana de 2 milhões de pessoas. Esta época foi também o
auge da migração africana no Brasil. No século XVIII, cerca 20 mil africanos
entraram por ano. Nesse século de crescimento da mineração entraram no Brasil
1,9 milhões africanos.
Os escravos não estão
incluídos na Historia da Imigração como imigrantes africanos e os portugueses,
pelo fato de terem sido os colonizadores, só aparecem nos estudos de imigração
no século XX.
De 1895 até 1961, dos
2 873 320 imigrantes entrados em São Paulo, 1 024 076 eram italianos[5].
A cidade de São Paulo
já foi considerada a maior cidade japonesa fora do Japão e maior cidade
italiana fora da Itália.
O Brasil é um país
que se desenvolveu economicamente devido aos imigrantes, principalmente aos
europeus e japoneses. A par do sofrimento suportado por esses estrangeiros, que
vieram massivamente para nosso país no século XIX e inicio do XX, aqui a
integração se deu com resultados positivos.
Hoje o movimento migratório no Brasil é diferente. Brasileiros emigram e o
Brasil recebe latino - americanos e coreanos além dos refugiados. Esse
movimento migratório contemporâneo ainda não é reconhecido pela sociedade
brasileira.
Não devemos, no entanto, perder o foco das atribuições dos museus.
No assunto sobre o fenômeno das migrações, existem atribuições concernentes à
área acadêmica, às organizações governamentais e não governamentais, aos
consulados e embaixadas e às comunidades de imigrantes.
Esses museus devem estar preparados para subsidiar políticas públicas uma vez
que a História neles contida dará a perspectivas dos aspectos positivos e negativos
dessas políticas.
Os museus de migrações devem estar bem informados sobre as leis e convenções
internacionais existentes no país, relativas a migrações e disponibilizá-las
para a sociedade em geral e principalmente para os imigrantes, conscientizando-o
de seus deveres e direitos. Para isso deverá estar em contato estreito e
permanente com instituições e ONGs nacionais e internacionais de apoio aos
imigrantes. Da mesma forma manterá interlocução privilegiada com órgãos
governamentais como Ministérios da Justiça e das Relações Exteriores e com as
Polícias Federais. Como músicos e artistas pesquisam materiais históricos que
os inspiram em suas novas criações artísticas, também políticos, parlamentares
e advogados pesquisarão no museu subsídios para seus trabalhos jurídicos e
legislativos.
Para recuperar os movimentos, itinerários, dinâmicas de integração das
comunidades, das relações passadas e presentes entre os países de origem e
os países de acolhida, entre as primeiras gerações dos
migrantes e os seus descendentes, os museus de migração romperão
fronteiras nacionais trabalhando em cooperação com instituições da mesma
natureza, internacionais e em outros países.
Para fazer frente aos
desafios impostos a partir da reformulação da visão e a nova missão colocada
para o Memorial, destacamos algumas ações desenvolvidas:
1) Criamos uma comissão de política de
acervo que estabelecesse critérios de aquisição e promovesse uma reavaliação
das coleções nesses10 anos de existência.
2) Estabelecemos
metas para digitalizar e informatizar a imensa massa documental existente para
dar acessibilidade a pesquisadores. Parte deste trabalho esta sendo viabilizado
através de convênios e parcerias firmados com instituições da mesma natureza no
Brasil em outros países, com a finalidade de criar banco de dados de interesse
comum.
Neste ano de 2008 concluímos e abrimos ao publico 2 novos banco de
dados: um sobre imigrantes japoneses entrados em São Paulo, projeto que
fez parte das ações comemorativas do Centenário da imigração japonesa no Brasil
e outro denominado War2 sobre a imigração na documentação do Memorial, nos
períodos entre guerras.
3) lançamos em
fevereiro de 2006 um novo site do Memorial, disponibilizando consulta de
1.900.000 nomes de imigrantes entrados em São Paulo, de 1888 a 1978.
O serviço de Emissão de Certidões de Desembarque passou de 100 para 1.000
atendimentos/mês.
4) Ampliamos a
biblioteca transformando-a em midiateca especializada o assunto.
5) A loja do museu
conta com uma livraria especializada.
6) Estamos organizando um arquivo de
referencia, mapeando os documentos oficiais produzidos por outros órgãos
oficias sobre imigração, começando pelo Estado de São Paulo.
7) Implantamos o Cine/vídeo MEMORIAL
com projeção filmes documentários e ficção que abordem o tema migração.
8) Estamos colaborando e estimulando a
preservação dos valores culturais das comunidades de imigrantes organizadas,
assessorando na organização de seus próprios museus e abrigando em nosso espaço
suas exposições, encontros e festividades.
9) Criamos a editora do Memorial e já
temos uma considerável produção científica publicada.
10) Redirecionamos o setor de Memória
oral no sentido de colher depoimentos de latino americanos, coreanos,
refugiados que hoje emigram para o Brasil. Com os mesmos critérios estamos
coletando fotos e objetos para o acervo.
11) Recebemos exposições de outros países
e promovemos a itinerância de exposições do Memorial para o exterior.
12) Realizamos Seminários, encontros e
palestras, transformando o Memorial de Imigrante em Centro de Estudos sobre
migração humana.
13) temos participado ativamente de
Seminários e encontros acadêmicos de Historia; de laboratórios de estudos de
racismo, intolerância e xenofobia; de estudos rurais e urbanos, procurando
divulgar nossos acervos para pesquisa acadêmica.
14) Realizamos
anualmente a festa do Imigrante ocasião em que imigrantes e descendentes de
segunda e terceiras gerações se encontram numa festa com comidas típicas, dança
e musica.
15) Criamos a galeria
de arte, espaço que permite abrigar exposições de arte de artistas imigrantes e
descendentes.
16) Estamos iniciando
uma parceria com a Sociedade Junguiana de São Paulo, para trabalharmos a
imigração no processo de construção da identidade paulista a partir dos
pressupostos metodológicos e dos fundamentos teóricos da Psicologia.
Realizaremos o primeiro Simpósio em maio de 2009.
CONCLUSÃO
Não há neutralidade na atividade museológica. Ações museológicas pressupõem
escolhas e neste sentido os museus podem ser instrumentos de conscientização ou
instrumentos de alienação. Aos museus compete colecionar, salvaguardar e
divulgar as informações históricas contidas em seu acervo histórico-cultural.
Fazê-las conhecidas pela sociedade é fundamental para reduzir as dificuldades
das relações entre os povos.
A história da
humanidade é a história das migrações humanas. O fenômeno das migrações
continua sendo uma história da sobrevivência no planeta e da dinâmica da
construção das identidades. A arqueologia já comprovou que o homem tem sua
origem mais remota no continente africano e de lá saiu para ocupar o mundo. A
criação política dos estados nacionais não poderá camuflar a condição da origem
migrante de todos e de cada um de nós. O museu é um espaço político e nele o
passado, como protagonista do futuro, atua como força transformadora.
Trabalharemos juntos rompendo as fronteiras artificiais do isolamento.
Resumo
Os museus de migração
pertencem à categoria dos museus de História e de Sociedade. É uma tentativa de
reconhecimento do patrimônio da imigração como Patrimônio Nacional.
No final do ano de
2005, uma nova administração estabelece no Memorial do Imigrante de São Paulo
uma nova política museológica. Uma profunda revisão da missão e da visão
do museu, provocou a reformulação de suas praticas, redirecionando as atividades
internas e sua atuação junto à sociedade .
O Memorial tem a
guarda de um importante acervo documental oficial, resultado da política de mão
de obra para o campo, estabelecida no final do século XIX até os anos 1950 pelo
Governo do Estado de São Paulo. Instituição única no gênero no Brasil é ao
mesmo tempo museu e um importante Arquivo Histórico.
Aos museus de
migração impõe-se uma revisão dos discursos que historicamente representaram os
imigrantes. Há que se confrontar discursos e estudos antropológicos, demográficos,
psicossociais, econômicos e políticos aos dos historiadores.
As migrações
contemporâneas ainda não estão contidas nos museus de migrações. A situação de
“ilegalidade” desses indivíduos e a fragmentação das atribuições e controle de
imigração em vários órgãos oficiais e não oficiais aumentam esta dificuldade.
Ao assumir a sua
função social como espaço de construção e expressão de valores culturais, o
Memorial do Imigrante se propõe a abordar a temática da imigração a partir de
um entendimento abrangente do fenômeno das migrações em que o conhecimento do
passado alia-se ao entrelaçamento da diversidade de discursos, de identidades e
de histórias individuais.
Missão
Adquirir, preservar,
pesquisar, documentar e divulgar a história da imigração e a memória dos
imigrantes no Estado de São Paulo.
Visão
Constituir-se como um Centro de Excelência de Estudos dos Movimentos
Migratórios entre países de origem e destino.
Como Museu de Migração, tornar-se cada vez mais
referência Nacional e Internacional através da implementação de Políticas
Museológicas que valorizem a riqueza da Diversidade Cultural.
Dados de Pesquisa
(Por uma militância em rede, página 4.
Articulação Latino americana: Cultura e Política Le Monde Diplomatique
boliviano Carlos Hugo Molina)
1. Contribuir para a reinvenção da
democracia e a afirmação de culturas cidadãs de responsabilidades e direitos
2. Promover articulações inovadoras dos
movimentos culturais e sociais
3. Construir uma América latina feliz,
plural equitativa e ambiental e politicamente sustentável.
Cultura não é só a dimensão da
expressão artística. Implica mudança de valores e de atitudes.
Evoluir para a democracia
participativa, transcendendo a e superando a democracia representativa. A
clássica democracia representativa foi gerada no ventre do capitalismo, sob os
auspícios do mercado. A ela há que se opor a democracia participativa. Não pode
haver economia dirigida por força de mercado, mas sim uma economia
participativa.
Excepcionalidade cultural – que
consiste em arrancar das garras do mercado e do neoliberalismo as artes e todas
as manifestações culturais. “prefiro um teatro protegido pelo Estado que
deixá-lo as mãos do mercado puro” Zamora seminário Articulação
latino-americana: Cultura e política pág. 5
Augusto Boal –“teatro político é um
pleonasmo. Toda estética comporta uma ética e toda ética, uma política.”
Mariza Veloso professora da UNB e do
Instituto Rio Branco.
Nos anos 1980 e 1990 processos de
redemocratização impulsionou revitalização da sociedade permitindo redefinição
da identidade sul americana revendo posições de subdesenvolvida, subordinada e
subalternizada em relação às potências internacionais.
A integração não pode ser confundida
com unificação, mas sim com disseminação de diferentes tradições e práticas
culturais que possam permitir novas conexões entre diferentes grupos sociais.
Alves de Souza a dinâmica cultural
atual é capaz de propor mecanismos e estratégias que suscitem o sentido de
pertencimento e a capacidade de viabilizar direitos.
Estabelecer conexões e direitos parece
ser uma tarefa urgente e necessária, especialmente quando se está tratando de
América do Sul. A cultura não deve ser pensada apenas no âmbito das políticas
estatais ou das propostas de acordos multilaterais, nem como mero produto,
evento ou espetáculo, mas sim como processo permanente de criação de uma
urdidura simbólica que permita o múltiplo entrecruzamento de experiências e tradições.
Cabe lembrar que uma forma contundente de violência simbólica é a própria
invisibilidade de determinados grupos na sociedade contemporânea, como tem sido
o caso dos indígenas, negros, mulheres e de grupos étnicos e de migrantes em
países sul americanos. Precisamos deixar de pensar as práticas culturais e o
desenvolvimento sul americano apenas como emergentes. É preciso mudar a postura
e pensar a América do Sul como espaço insurgente para que de fato irrompa a
construção de novas subjetivas coletivas. As práticas culturais mais do que
outras instâncias ensejam e contribuem para a organização dos interesses
coletivos. Políticas culturais devem ser interpretadas como vetores visando à
construção de valores coletivos.
Artistas imigrantes
Alfredo Volpi; Mario Zanini; Francisco
Rebolo; Fulvio Pennacchi; Aldo Bonadei; Anita Malfatti; Manabu Mabe; Teisuke
Kumasaka; Tomie Otake; Galileo Emendabili; Ettore Ximenez; Antonio Ximenez;
Nicolas Vlavianos (1929); Luigi Brizzolara; Amadeu Zani (1887); Lina Bo Bardi; Gregori
Warchavchik, Emiliano Di Cavalcanti; Oscar Niemeyer; Elise Visconti; Vitor
Brecheret; Domiziano Rossi; Lasar Segall; Franz Weissman 1911
Para Bárbara Freitag Rouanet o
fechamento das fronteiras dos países ricos se dá por duas grandes razões: o terrorismo
e o desemprego estrutural.
Políticas restritivas à imigração
adotadas por países desenvolvidos acabam por aumentar o fluxo de imigrantes
para os chamados países em desenvolvimento como o Brasil. Uma boa política de
imigração pode representar uma das maneiras de restabelecer o equilíbrio da
população.
SEADE – O perfil dos migrantes que se
mudam para a Grande São Paulo é diferente de 20 anos atrás. A participação dos
nordestinos caiu de 59,4% para 49,1%, o que fez com que a proporção de
migrantes do interior de São Paulo, de outras regiões do país e até do exterior
aumentasse. No final dos anos 80 a Grande São Paulo recebeu perto de 12 mil
migrantes vindos do exterior. Em apenas 2 anos, no período de 2006/2007, esse
número mais que dobrou. A cidade ganhou aproximadamente 26 mil estrangeiros.
Os países da América Latina são, ao
mesmo tempo, emissores de fluxo migratório para os países desenvolvidos da
Europa, América do Norte e Ásia, e também receptores dos fluxos internos do
continente sul-americano. Neste sentido, é possível constatar que os países
considerados em desenvolvimento, como o Brasil, tem sido uma alternativa para
os imigrantes que antes se dirigiam em grande escala para países da América do
Norte e Europa.
O Brasil é bastante exigente e seletivo
com relação ao imigrante. O reconhecimento de diploma envolve enorme
burocracia.
São Paulo é um grande laboratório da
sociedade urbana globalizada do futuro.
Os séculos 16 e 17 foram marcados por
invasões do nosso território. Os franceses entraram pelo litoral do Rio de
Janeiro e do Maranhão. Os ingleses realizaram incursões pelas regiões norte e
nordeste. No estado de Pernambuco, os holandeses permaneceram por 24 anos
impulsionando a urbanização da cidade de Recife. A proclamação da República o governo
imperial incentivou a vinda de imigrantes para povoar o sul dos pais (caráter
povoador). Os alemães se fixaram no sul, italianos cafezais em SP. Os sírios e
libaneses estão SP desde 1830 e trabalhavam como mascates, mais japoneses,
espanhóis e portugueses.
Início do Séc. XX desenvolvimento
industrial, expansão da lavoura, comércio internacional do café, instituições
financeiras facilitavam o crédito para empreendimentos fabris, a malha
ferroviária possibilitava eficiente distribuição e energia elétrica abundante.
Italianos dedicaram-se a indústria alimentícia e tecelagem. Os alemães, cerveja
e papel; armênios, lanifício e calçados; judeus e posteriormente coreanos,
confecção de roupas.
Entre guerras o fluxo volta a crescer.
Na dec. de 60 vinda de profissionais com instrução.
São Paulo
Coreanos hoje 45 mil.
Bolivianos (Praça Kantuta) hoje 100 mil
(dados consulado 50 a 70 mil)
Indústria do vestuário ao longo do séc.
XX até década 1970, coreanos clandestinos na década. 60, nordestinos que não se
adaptou (amparados pela lei), na década 80 bolivianos.
1998 - anistia pelo governo brasileiro
para clandestinos estrangeiros.
Africanos hoje, bem diferente. Começa
com cana de açúcar. Chegam a partir de 1530 até final séc. XIX. Chegaram entre
1550 a 1850 8 milhões. A partir da década de 70 países africanos conseguem
independência. Motivos para vinda para SP: estudantes de países da CPLP Comunidade
de Países de Língua Portuguesa. Para melhores condições de ensino; fuga de
conflitos e guerras tribais; busca de melhores condições de vida.
Primeiros anos da década de 90 cresce
entrada de angolanos e moçambicanos. ACNUR – 75% dos refugiados no Brasil são
africanos na década de 90. Ainda há pouca pesquisa e estudos dessa imigração.
Alain Pascal Kaly sociólogo senegalês trata das questões: processo d
desenvolvimento dos estudantes africanos por meio d inserção nos cursos de
graduação e pós graduação das universidades de 5 estados do Brasil; abordagem
sobre racismo a partir de estereótipos desenvolvidos em relação à África e aos
processos de adaptação dos mesmos ao ensino brasileiro.
A crise econômica pode gerar um fluxo
de mais de 10 milhões de pessoas elo mundo, voltando para suas casas, alerta a
ONU. Associações de imigrantes na Europa denunciam planos de governos de se
utilizar da crise para justificar expulsões em massa.
Dados do Ministério das Relações
Exteriores do México mostram q só seu consulado em Denver registrou esse ano
aumento de 25% nos pedidos de incentivo para volta definitiva ao México. 100
mil dos 1 milhão de poloneses q foram trabalhar no reino unido desde 2004 já
voltaram. 200 mil poderão voltar em 2009. Na Espanha há plano “retorno
voluntário” de governo q dá 9 mil euros a estrangeiros q queiram voltar.
Associações acusam governo de usar crise para expulsão em massa. Neste plano o
estrangeiro não poderá voltar a Espanha por 3 anos. Hoje 11% da população da
Espanha é imigrante. São 5 milhões
Comprometida com a transformação
social, confirmará sua missão promotora da etnodiversidade, fomentadora da
epistemodiversidade e formadora de cidadãos críticos e engajados. A
etnodiversidade corresponde ao interculturalismo que enriquece (e conflita) o
mundo globalizado. Boaventura Santos
[1] Presidente do Centro de Pesquisa de Política Econômica, com sede em Londres
e autor de “Comprender la Immigración” lançado durante o Seminário.
[2] ACNUR- Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados. Políticas
Públicas para as Migrações Internacionais – Migrantes e Refugiados, Brasília -
Brasil, maio de 2006, p. 88
[3] L’historien dans la Cite: comment concilier histoire et mémoire de
L’immigration ? Gerard Noiriel Museum Inernational nº 233,234
[4] Paiva, Odair da Cruz. Breve História da Hospedaria de Imigrantes e da
Imigração para São Paulo. São Paulo: Memorial do Imigrante/Museu da Imigração,
2000 São Paulo – Brasil, V.1, 56 p (Série Resumos 7)
[5] Boletim do Departamento de Imigração e Colonização do Estado de São Paulo
de 1961 – SP 1962 pg 44
[1] Presidente do Centro de Pesquisa de Política Econômica, com sede em Londres e autor de “Comprender la Immigración” lançado durante o Seminário.
[2] ACNUR- Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados. Políticas Públicas para as Migrações Internacionais – Migrantes e Refugiados, Brasília - Brasil, maio de 2006, p. 88
[3] L’historien dans la Cite: comment concilier histoire et mémoire de L’immigration ? Gerard Noiriel Museum Inernational nº 233,234
[4] Paiva, Odair da Cruz. Breve História da Hospedaria de Imigrantes e da Imigração para São Paulo. São Paulo: Memorial do Imigrante/Museu da Imigração, 2000 São Paulo – Brasil, V.1, 56 p (Série Resumos 7)
[5] Boletim do Departamento de Imigração e Colonização do Estado de São Paulo de 1961 – SP 1962 pg 44
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